27 de fev. de 2009

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Minha namorada diz: "Você só quer isso! Só quer sexo, sexo, sexo! Você deveria ser mais carinhoso! Está sempre pedindo, pedindo mais e mais. Quer tudo, sempre tudo".
Eu deveria ser mais carinhoso. Desculpe, baibe. Vem cá!

22 de fev. de 2009

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Os velhos caubóis se foram.
Uma chuva lenta cai lá fora, enquanto morcegos cansados adormecem suavemente.

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19 de fev. de 2009

Dezembro Fechado

Cidade Fantasma
10h30minhs da noite.
É uma noite terrivelmente quente e abafada. Verão. Moro numa cidade que chamo de Cidade Fantasma, é uma cidade que existe, mas parece não existir. É como uma imagem nublada que lembra um sonho fantasmagórico. Como todas as cidades do seu porte, ela está no mapa, mas poderia estar num filme que não existe. Ninguém, ou quase ninguém sabe disso, eu sei, e um ou dois amigos meus também sabem. Nós vagamos por ela. Eu vago, sabendo que ela nunca deixará de ser o que é.
Deixou a camiseta jogada sobre o sofá e ando com o peito nu e uma jeans até a janela do apartamento. Não sei explicar mas idiotamente naquele momento me sinto como um caubói quase invencível. Não há motivos para me sentir assim, não consigo terminar a Q que estou desenhando, o traço está trancado, não consigo transpor para o papel as imagens que crio em minha cabeça. A história trava, cheguei a um ponto que ela não se desenvolve mais, não sei mais como continuá-la. No exato momento sou o maior fracassado, dívidas, um emprego miserável numa micro-agência de propaganda, e tenho tanto sucesso e habilidades com as mulheres quanto um cacto espinhento e sem flores teria com alegres e coloridas borboletas. Mesmo assim sinto-me como um caubói imbatível.

Há pouco mais de um mês aluguei esse pequeno apartamento num bairro que se chama Cidade Baixa. No mesmo prédio, no mesmo corredor, moram um escritor que luta para terminar um romance que está escrevendo a dois anos, no apartamento 208 mora uma garota que chega junto com os primeiros raios de sol que despontam pela manhã, no 202 uma mulher que aparenta ter quarenta e cinco anos e seu filho garoto adolescente. No mais, apenas apartamentos vazios e outros fantasmas.
10h30min min. Da noite.
Porto Alegre – Cidade Fantasma.
O telefone toca, trago o cigarro pela última vez ao ouvir o toque do telefone. Trago como se fosse à última tragada, a última saboreada, o último cigarro antes de me dirigir para cadeira elétrica. Uma gostosa tragada.
- Alô – eu digo
- Suzana?
- Quem?
- Suzana, posso falar com Suzana?
- Não existe nenhuma Suzana aqui – respondo.
- Como não, ela me deu esse número...

- Não existe ninguém aqui com esse nome. Não mora nenhuma mulher aqui.
- Ela me deu esse número. Disse que eu poderia ligar, que não haveria problemas. Ela marcou comigo, de aparecer aqui e não veio.
Desligo o telefone.
O telefone toca novamente alguns segundos depois. Uma, duas, três vezes. Não atendo imaginando que seja a mesma pessoa, o mesmo fantasma. O mesmo cara que não conheço e que sinto raiva por sua insistência. Lembro de uma mulher, uma louca que andava pelas ruas da Cidade Baixa, tinha olhos azuis. Era uma Kill Bill. Que vestia uma malha amarela colada ao corpo, tinha pernas ágeis e bonitas, e penso, seria capaz de acabar com um homem em minutos.
É dezembro e não me importa. É um dezembro fechado.

9 de fev. de 2009

Cidade Fantasma (III)

Lurdes, a heroína. Não sei ao certo em que mundo ela vivia, como nunca um homem saberá realmente em que mundo vive uma mulher. Quais as fantasias e universos paralelos que habitam o labirinto de sua cabeça. Lurdes vestia-se de mulher-maravilha e parece, tinha convicção de ser uma heroína de quadrinhos. Uma heroína real. Levava os homens para cama vestindo um deliciosa calcinha com estrelas, amarrava suas presas na cama e ali dominava. O mais estranho é que ela vivia dizendo que um gigantesco gorila a vigiava, a perseguia por todas as partes da cidade. Uma espécie de King Kong pós-moderno que adorava lhe espionar.

7 de fev. de 2009


BAR DO ESCRITOR

Pois bem, vai sair o livro BAR DO ESCRITOR no qual participo. Graças aos esforços do Giovani o livro sairá no por volta do dia vinte de fevereiro, com distribuição nacional pela Saraiva. A tiragem é de 2500 exemplares. Tá melhor que a encomenda. Esse ano praticamente deixei de escrever, mas buenas, estou aí.

3 de fev. de 2009

O velho lobo e pequenas garotas de vestido vermelho


Jonas, o velho lobo cartunista, agora bebia leite. Desenhava histórias e mantinha suas canetas no bolso da velha camisa como antes. Jonas andava pela cidade às vezes, e lhe chamava a atenção quando passava por alguma garota vestida de vermelho. Certa noite bateu em seu pequeno estúdio uma garota que se apresentou como Fabica, vendia alguns docinhos. Usava um vestido vermelho. Jonas gostou do que viu e convidou-a para entrar, espiou sua bunda. Gostou. Jonas sentiu algo mover-se em suas entranhas, a garota sentou-se distraida para mostra-lhe os doces. Os olhos do velho lobo pecorreram o corpo da garota, seios volumosos, ancas larga. Jonas salivava. Jonas era um lobo velho e cansado, mas não resistiu a garota e saltou sobre ela.