30 de mar. de 2010

Herói

29 de mar. de 2010

Cidade Fantasma

Carol era a mulher angústia. Carlos a encontrava sempre deitada no sofá. Chorava. andava pela casa descalça e tinha sonhos estranhos. Contava todos a ele. Carlos ouvia, fumava e observa ela deitada no sofá florido. Os pés para cima, sujos. Carlos gostava de ver seus pés sujos assim, do seu shorts surrado colado em sua bunda, de vê-la deitada de bruços no sofá. Carol então contava de suas angustias, de sua felicidade quando quando Carlos chegava, e do seu medo que ele partisse para sempre.

28 de mar. de 2010

Visita Sombria

Buenas, enquanto não tenho nada de novo para publicar aqui, já que não estou escrevendo, publico um conto antigo. Afinal nem todos que aparecem por aqui deve ter lido anteriormente.

- Daqui a pouco elas virão sacolejando suas línguas de serpentes. São como répteis com suas línguas loucas e nojentas.

- Sim!... Elas tentam nos seduzir. Se retorcem como se não tivessem ossos. Insinuam-se cheias de luxúria.
- Acho bom você preparar seu rifle!
- Ééé... Vou deixar minha arma pronta. Preparada para quando chegarem.
O velho Marcelino engatilhou sua arma fazendo um som seco no meio da noite. No bairro ninguém colocava a cara para fora de casa depois que a noite chegava. As ruas ficavam vazias e silenciosas como se uma peste tivesse se abatido sobre a cidade. Tudo começou quando elas apareceram. Sempre no meio da noite.
- Hé, hé, hé... Dessa vez vamos pegá-las. Estamos prontos pra elas! - disse o velho Marcelino alisando o longo cano do seu rifle.
- Vamos com calma! Você sabe, elas são muito perigosas. São matreiras como o demônio e podem nos enganar se não tomarmos cuidado - retrucou o velho Luiz com uma expressão desconfiada e tensa. Seu rosto parecia se retorcer na penumbra.
- Dessa vez não vou deixar escaparem! - exclamou Marcelino exaltado enquanto espremia um cigarro entre os lábios murchos.
- Eu sabia que um dia elas voltariam!
- Nunca pensei que essas coisas realmente existissem! - retrucou o velho Marcelino.
- Você não leu os velhos livros? São coisas muito antigas, sempre existiram e agora resolveram aparecer por aqui. Surgem lentamente, lindas, com suas línguas dançantes e seus corpos que parecem não terem ossos. Sabem muito bem do poder que possuem. Nos hipnotizam enquanto movimentam seus corpos daquela forma.
- É, mas dessa vez vamos fodê-las! Estou preparado para elas.
- Ei! Você ouviu isso?
- Fique quieto!
- Ei... Ouça esses sons. Parecem línguas sibilantes.
Os dois velhos amigos prepararam suas armas. Seus corações bateram fortemente e um arrepio percorreu seus velhos corpos como se uma descarga elétrica os tivessem atingidos. Os dois apertaram-se junto à janela para espiar o que acontecia lá fora.
- Você está conseguindo ver algo?
- Ssshhiiii... Espere, está muito escuro!
- Estou todo arrepiado! Algo está acontecendo lá fora! - disse o velho Marcelino.
- São elas... Posso sentir! São aquelas cadelas do inferno. Serpentes. Prostitutas do demônio.
Entre a cerca de madeira surgiram três vultos sinuosos. Eram elas. Um sopro gelado invadiu a noite anunciando suas presenças. Misturadas a bruma três lindas mulheres cobertas por véus transparentes e esvoaçantes aproximavam-se lentamente da casa, pareciam flutuar. O coração de Marcelino parecia que saltaria pela boca.
- Atire nelas! - gritou Marcelino apavorado. Luiz observava paralisado enquanto segurava o rifle - Vou estourar os miolos delas! - exclamou Marcelino exaltado. Luiz não conseguia disparar, ficou apenas olhando estático, seduzido e abestalhado. As mulheres continuavam se aproximando, retorcendo-se como se não tivessem ossos. Hipnóticas, libidinosas e lindas. Muito lindas. Sempre colocando suas línguas para fora como serpentes e emitindo um som surdo. Suas peles brancas saltavam no meio da noite. Elas ofereciam seus grandes peitos aveludados segurando-os entre as mãos enquanto apertava-os, juntando-os um de encontro ao outro. Marcelino estava apavorado. Essas coisas ainda andam por aí. Suas línguas dançavam freneticamente. Abriam as pernas em compasso, alisavam o sexo, exibiam seus corpos perfeitos. Prometiam com gestos e expressões, luxúria e prazeres. Gozos infinitos.
- ATIRE, LUIZ! - implorou Marcelino.
- NÃO! - respondeu Luiz.
- ATIRE!
- Não...
Elas aproximavam-se, eles podiam sentir seus perfumes suaves, suas carnes frescas e a promessa de um grande prazer carnal.
- Só um pouco! Vamos aproveitar um pouco! - pediu Luiz - Elas são lindas, nunca teremos mulheres como elas.
- Seu filho da puta, idiota! Não vê que elas são umas sanguessugas dos infernos!
As mulheres já estavam perto o suficiente para os dois sentirem seus o hálitos frescos. Elas os chamavam e ofereciam seus corpos sinuosos. Os cabelos negros e longos brilhavam entre a bruma. De súbito um grande estampido seguido por gritos estridentes rompeu aquela espécie de transe em que estavam envolvidos.
- ACERTEI UMA DELAS! ACEITEI UMA DELAS! - berrou Marcelino segurando o rifle.
Perto da porta uma das mulheres caiu estirada ao chão com as pernas dobradas como se fosse uma marionete, de dentro da cabeça esfacelada vermes saiam por todos os lados. As outras duas mulheres olhavam para a cena soltando sons estranhos enquanto moviam as línguas freneticamente. Então elas viraram-se e sumiram no meio da noite. Marcelino gargalhava e Luiz continuava estático, observando a mulher estirada lá fora.
- Você a matou...! Você a matou! - Nunca teríamos uma mulher como ela! - disse luiz soluçando enquanto a noite os engolia.

ALICE...

"Mas eu não quero me encontrar com gente louca”, observou Alice. “Você não pode evitar isso”, replicou o gato.
“Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco. Você é louca”.
“Como sabe que eu sou louca?”, Indagou Alice.
“Deve ser”, disse o gato, “ou não teria vindo aqui”

Alice no País das Maravilhas.

24 de mar. de 2010

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O velho Wiskow é um cavalo
Não sabe cantar
Não sabe dançar
Rouba peixes
Ouve o barulho do trem em noites estreladas
Gosta de trens
Gosta de trilhos
Não tem mulher
Não tem histórias
Se emociona fácil
Não manda flores
Tem medo das mulheres
Não escreve mais
Não desenha mais
Tem olheiras
Fuma e bebe café nas noites quentes e frias

23 de mar. de 2010

Cidade Fantasma

Joana.
As fantasias não morrem ao cair da tarde.

22 de mar. de 2010

...

Money is cool.

21 de mar. de 2010

...Sanduíches e saladas

Buenas, ando devendo por aqui. Devendo? Nem mesmo sei se alguém aparece por aqui desejando ler algo, algum conto, qualquer coisa. Mas a verdade é que faz algum tempo que não escrevo nada. Nenhum conto. Estava preparando-me para iniciar minha "novela" mas estagnei, penso em escrever algumas coisas, mas elas apenas fomentam em minha cabeça. Eu já falei que a literatura é uma mulher.... Você sabe. Ela insiste em fugir... Mesmo a minha Não Literatura, mesmo ela. Ando rabiscando alguma coisa, de leve... Coloquei alguns desenhos no meu blog de ilustras, HQ... http://emersonwiskowblog.wordpress.com/

Gracias, amigos!

19 de mar. de 2010

Cidade Fantasma

Caralho. O calor. Passou o dia inteiro assolando a cidade, nos pampas joão de barro quase morre de sede. Abre o bico, cata o ar. Foda. Passei o dia aqui. Zamzei pelo centro, calor infernal. Lembrei do telhado de zinco, aquilo sim matava. Eu morava com Mara numa pequena casa, um casebre, a cozinha e a sala era um trailer. Zinco. No calor assávamos. Mara andava com seu shorts, suava, praquejava. Dizia que deveríamos vender aquilo. Eu fumava meus cigarros e a observava. Quase morto de calor e tédio, então chamava ela para o quarto. Meso com o calor todo. Suando. Ela. Tímida, falava do suor. Tímida nada. Eu gostava. Seu sabor. Lembrei disso tudo. Foda. Este calor. No pampa, o calor miserável queimava o lombo. Atravessei a rua e corri para dentro de um bar, sentei e pedi uma cerveja. daquelas bem geladas.

17 de mar. de 2010

Cidade Fantasma

Contato
Carlos recostou-se a cabeça e ficou a imaginar os lábios. Era estranho. O primeiro contato. Lembrou da pele, imaginou sua umidade, o quentume de seu sexo, suas coxas. Imaginou-a desfilando pela casa vestindo apenas uma calcinha branca de algodão. Era suave. Andréia parecia ser sua única leitora. A leitora de um escritor que não escreve.

Charlene Flanders...

E-book do meu camarada Wilame Prado.
Serviço:
Título: "Charlene Flanders, que voava em seu guarda-chuva roxo, mudou minha vida"
Contos.
Capa: Emerson Wiskow.
Prefácio: Lucas Frederico.
Número de páginas: 185.
Quer ler? Então peça para mim no email: pradowil@gmail.com, é grátis.

16 de mar. de 2010

Assassinos S.A.

Convite para o lançamento da coletânea (que acontecerá dia 3 de abril, sábado, às 18:30min). Participo do livro com algumas singelas ilustrações..

14 de mar. de 2010

Cidade Fantasma

21:45hs. Noite.
Mara agita-se. Solitária. Arde e umedece.

13 de mar. de 2010

Herói Fracassado

Cabrones, mudei o endereço do meu blog de ilustras, Hqs... Agora ele está no wordpress. http://emersonwiskowblog.wordpress.com/

12 de mar. de 2010

Mundo Cão

Morte do cartunista Glauco

Sinto que vivemos numa barbárie. Somo invadidos por ela, violentados por um mundo cada vez mais tomado por imbecis. Gente que mata como se tivesse tomando um sorvete. Gente impune e protegida por direitos disso e daquilo. Gente que se você tiver o azar de esbarrar corre o risco de ter uma arma descarregada em você. Gente que soca você, chuta sua cara, mata e anda livre entre nós, entre nossos filhos. A verdadeira invasão barbára.  E.W.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u705918.shtml

10 de mar. de 2010

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9 de mar. de 2010

Lynch e eu

Recebi uma comparação que me surpreendeu a respeito do meu  La Revancha Del Tango.  Claro, senti o ego afagado. Afinal, não é todos os dias. Buenas, revelo que jamais passou por minha cabeça tal comparação e que nem ao menos sabia da existência de tal filme. Club Silencio de David Lynch. Antes que alguém queria me bater, Lynch é gênio. Sei onde é meu lugarzinho. O naipe do cara está a uma distância inalcansável para o velho Wiskow.
Transcrevo a comparação, ou resenha, análise - como chamar?- escrita por Iara Fernandes.

Filme de Lynch: Cidade dos Sonhos (Mulholland Driver)


A primeira ligação foi ao ler esta parte: ...Não perde tempo, ainda tem o CD ali, perto, sobre uma caixa de
papelão. Sabe que ouvirá pela última vez ali. Coloca-o no aparelho, acende um cigarro e senta na beira da cama, já pelada. Traga, suspira, deixa a fumaça sair
dançando de sua boca. Lábios vermelhos marcam a ponta do cigarro e também a camisa branca de um homem. Ângela lembra de Raul e sua camisa branca.
Detesta e ama  ser melodramática.  Relembra tudo mais uma vez.  Relembra, imagina  Raul  com  outra.  O sorriso dele  despindo  outra mulher,  suas mãos
tocando  seu  sexo,  seus pelos. A boca de Raul percorrendo o corpo da outra. O punhal entra, ela deixa e sente-se como tivesse sufocando, como se tivesse
afogando-se e seu pulmão fosse explodir. Ângela gostaria de meter um punhal no peito de Raul, no peito da outra mulher, no peito dos dois. Que o lençol fosse
manchado de sangue como o batom vermelho na ponta do cigarro, na camisa de Raul. Que o vermelho não fosse marcas de batom e sim o sangue dos dois...

No filme, o Clube Silêncio, com sua cortina de denso veludo vermelho, a cantora e seu vestido vermelho, batom vermelho, o terno de um dos apresentadores, vermelho, a melancolia de Ângela, a melancolia da personagem que canta, a letra e o tom, dramáticos como o desejo de Ângela. Tudo derramado em sentimento, tudo drástico demais, fatal demais...

Como no filme, os personagens de La Revancha parecem soltos em um túnel e, sem nada antes e nada depois, só garantem suas existências, se girarem dentro desse túnel, pois é dele que extraem os elementos que lhe dão essência: irreal x real – sonhos x pesadelos – lógica x imaginação - sucesso x frustração – passado x presente – confusões x perversões



O filme tem duas belas mulheres se amando, se buscando em meio a sonhos e frustrações, La Revancha tem dois autores se buscando em meio a criações e frustrações.
No filme há ruas escuras, desertas, caminhos inóspitos e o deserto de cada um. Em La Revancha há cidade fantasma, parque sem diversão e o deserto de cada um.
No filme, os personagens solitários fracassados são quase que uma miragem de si próprios. Não se sabe, em determinados momentos, se é o primeiro sonho, se é o segundo, ou se tudo é um pesadelo desconexo, ou uma fantasia hollywoodiana romântica. Em La Revancha, os personagens também solitários fracassados são quase que uma miragem de si próprios. Nada é sonho, nem é pesadelo. É o real travestido de literatura e seu personagem afirma: “A literatura é uma mulher na qual ñ se pode confiar”. Penso que Lynch diria que a arte é uma loucura na qual se deve apostar. Os sonhos e suas transgressões são necessários.
A roda gigante poderia ser um sinal... a misteriosa caixinha azul do filme poderia ser um sinal...
O filme quebra qualquer lógica e não há porque querer entender a narrativa na linearidade. La Revancha apresenta quase todos os capítulos em 1ª pessoa, exceto o último e nele um Carlos, também massacrado por Juliana, entra e nos tira do texto reto. Vem a dúvida, a incerteza, a confusão. Quem é ele? O narrador revelado em nome ou outro a sofrer pela devastadora Juliana?

Parece que a cidade fantasma aconchega o narrador, Marcos, Ângela, o garoto e Carlos. De longe surge Maiko e toda atmosfera de Tókio e suas inocentes perversões.
Parece que Betty levaria uma vida de aconchego em Los Angeles, mas Rita surge, do nada, e revira o real com bizarrices e sensualidade.

Se La Revancha virar um filme, acho que os primeiros acordes da guitarra de Zappa, em Chunga’s Revenge cairiam bem numa cena, simultânea, de Carlos olhando pela janela e vendo o mundo se descolando a sua frente, Juliana dominando visão e sentimento, desconcentrando-lhe da luta vã contra as lembranças e de Ângela e suas lembranças arrasadoras.

Já disseram da obra de Lynch que o resultado é esquizofrênico, enigmático, surpreendente. Vejo o mesmo em La Revancha del Tango.

Algumas imagens sensacionais que me dão a certeza de que sua escrita não é como a de qualquer um:

...ela me ignora e pisa em mim com pesados coturnos militares...
... a noite parece o interior de um saco gigante onde milhares de vagalumes dançam freneticamente...
... Juliana é como se fosse toda a divisão Panzer alemã invadindo fronteiras, amassando, passando por cima dele. Não havia como resistir, apenas entregar-se...
 ...A Cidade Fantasma será uma lembrança nublada, um cuspe perdido no meio da calçada...

8 de mar. de 2010

.8 de Outubro

 
Dia da mulher. Todos sabem, não há nada de mais maravilhoso, impenetrável que elas, Nem mil Minotauros achariam a saída no labirinto que é a cabeça de uma mulher, nas emoções e segredos que elas levam em sua alma. Também podem ser o inferno, mas foda-se. Quem consegue viver sem? Nada mais maravilhoso que o corpo feminino, que a presença feminina. Que maravilha vê-la andar pela casa, deixando seu perfume pelos cômodos. Ter as noites aquecidas pelo seu corpo.

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Éramos assim lá no Texas.

Charlene Flanders

Buenas, acabo de enviar a capa que criei para o livro do meu amigo Wilame Prado. O cara está para lançar em breve o seu primeiro ebook de contos. Charlene Flanders, que voava em seu guarda-chuva roxo, mudou minha vida. Wilame mantém um blog onde publica suas crônicas: http://apoltrona.blogspot.com/

La Revancha Del Tango

Trecho da novela La Revancha Del Tango: Baixe a novela aqui: http://www.mojobooks.com.br/mojo_inteira.php?idm=276


 "...Não perde tempo, ainda tem o CD ali perto, sobre uma caixa de papelão. Sabe que ouvirá pela última vez ali. Coloca-o no aparelho, acende um cigarro e senta na beira da cama, já pelada. Traga, suspira, deixa a fumaça sair dançando de sua boca. Lábios vermelhos marcam a ponta do cigarro e também a camisa branca de um homem. Ângela lembra de Raul e sua camisa branca. Detesta e ama ser melodramática.  Relembra tudo mais uma vez.  Relembra, imagina  Raul  com  outra.  O sorriso dele  despindo  outra mulher,  suas mãos tocando  seu  sexo,  seus pelos. A boca de Raul percorrendo o corpo da outra. O punhal entra, ela deixa e sente-se como tivesse sufocando, como se tivesse afogando-se e seu pulmão fosse explodir. Ângela gostaria de meter um punhal no peito de Raul, no peito da outra mulher, no peito dos dois. Que o lençol fosse manchado de sangue como o batom vermelho na ponta do cigarro, na camisa de Raul. Que o vermelho não fosse marcas de batom e sim o sangue dos dois..."

5 de mar. de 2010

Batgirl

The Batman

A mulher do Calendário

Em uma das mesas dois homens bebiam Coca-Cola com cachaça. No balcão outros homens bebiam suas cervejas e fumavam e olhavam para as paredes, para o vazio ou para sei lá o quê eles estavam vendo com aqueles olhares perdidos. A noite estava clara como nunca e milhares de estrelas piscavam e alguns caminhões passavam zunindo e seus faróis pareciam estrelas nas estradas como as que piscava no céu.
Martin entrou e olhou para a folha de calendário pregada na parede com a foto estampada de uma bela mulher seminua, seios fartos à mostra e olhos num azul claro que prometia o paraíso. Então ele sentou ao lado de um dos homens no balcão e não deu importância para ele. Martin estava se lixando para o cara.
Seu Chevy estacionado lá fora parecia um carro fantasma abandonado. Martin pediu uma cerveja e um maço de cigarros. Aguardou com um vago olhar para a foto no calendário. O homem ao lado olhou para ele e para o calendário que estampava a foto da mulher de olhos azuis.
Deu um sorriso e disse: “Com uma dessas eu foderia a noite inteira”, Martin não ligou. E o cara fechou-se numa carranca. Martin bebeu um gole de sua cerveja e lembrou da garota e dos seus peitos e de seus olhos e de tudo mais. Dela sorrindo enquanto preparava o jantar, sem antes perguntar se ele desejava batatas-fritas e ele sempre respondia que sim e ela acabava sorrindo novamente. Martin lembrou de como ela dormia e das noites que passavam em claro e dos quartos escondidos e das luzes pardas e das pessoas circulando lá fora sem saberem de nada.
Martin acendeu um cigarro e tragou e bebeu um novo gole de cerveja. Achou que a cerveja estava muito boa e teve uma agradável sensação com aquilo. Tornou a olhar para o calendário e para a foto da mulher seminua e lembrou dos dois juntos e num suspiro surdo conformou-se em vê-la partindo em um daqueles caminhões que tinha faróis que pareciam estrelas na estrada.

3 de mar. de 2010

Raiz

 
Cabrones,o site Raiz online criou uma espécie de concurso onde alguns blogs concorrem a melhor blog. Algo desse gênero, o meu Cavalos está lá. É só dar dois cliques que você vota.
Gracias.