11 de abr. de 2009

Quatro Irmãs

Eram quatro irmãs muito velhas. Júlia, Inês, Gorete e Silvia. Silvia e Júlia casaram cedo demais. Com 14 anos já eram donas de casa e viviam para seus maridos. Numa conversa de fim-de-tarde, sob a sombra fresca de uma grande árvore decidiram em comum acordo viverem sozinhas. Estavam cansadas. Gorete e Inês, ainda solteiras, perambulavam pelos bares e bailes de Porto Alegre. Viviam na capital e sempre que falavam por telefone com suas irmãs tentavam demonstrar como estavam felizes. Era mentira. Estavam solitárias e também cansadas. Bebiam muito e choravam escondidas. Depois da conversa que tiveram naquela tarde, Silvia e Júlia ligaram para Inês. Inês dormia esparramada sob a cama. Lembrava uma massa sem vida. Vestia uma camisola suja e transparente, as tetas gigantescas mal cabiam ali. Depois de muito tocar o telefone Inês finalmente acordou. Balbuciou algumas palavras inteligíveis e só então percebeu que era sua irmã Júlia. Tentou recompor-se rapidamente. Júlia disse que estava com Silvia e que elas decidiram separar-se de seus maridos. Gorete, que morava com Inês não estava em casa naquele momento e quando chegou à noitinha Inês arrastou-se até ela e comunicou a novidade. Primeiro Gorete não acreditou, mas ao perceber a inquietação e Inês percebeu que era verdade. Silvia e Júlia se juntariam a elas. Naquela noite Inês e Gorete não saíram. Nada de bailes e bares. Atravessaram a noite fumando e intercalando cerveja e chimarrão. Estavam excitadas. Uma semana depois um táxi para em frente à casa de Gorete e Inês. Uma casa grande e velha. Gorete gritou e chamou Inês ao ver Júlia desembarcar do taxi, logo após, outra pessoa saía do carro com dificuldade. Era Silvia. O taxista ajudo-as a colocar as duas grandes malas dentro de casa, junto com outras menores. Depois de dispensarem o taxista e dos tradicionais abraços Silvia abriu uma das malas e mostrou Romeu. Pedaços dele. Tudo dentro de sacos plásticos. Júlia confessou que havia feito o mesmo com seu marido. No meio da noite as quatro cavaram um buraco no pátio e um mês depois esqueceram os maridos.

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