29 de abr. de 2010

28 de abr. de 2010

Manoel Bandeira

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Ebook

Cabrones, estou preparando meu novo ebook. Mostruário do Absurdo Fantástico. Logo disponibilizo ele no Cavalos. Grátis, barbada!

27 de abr. de 2010

Cidade Fantasma

Joana sonha em tardes abafadas.

O Prazer da Baforada


Estou pensando em para de fumar. É um inferno. Sinto falta, muita falta e vontade de fumar. É um prazer, uma forma de relaxar. Acostumei com o cigarro, para relaxar, pensar, ansiedade, depois do café, do almoço, da janta, quando bebo, e claro, depois de sexo. Se eu soubesse desenhar faria uma série de tiras, cartuns sobre isso. Minha luta inglória contra o cigarro.

Robert Crumb


Não posso deixar de comentar, o Mestre Robert Crumb estará na  Festa Literária Internacional de Paraty deste ano. Foda. Eu me ajoelharia diante dele e diria, “Mestre, Mestre!” É estar diante de uma lenda, não sou de pagar de tiete, mas esse é o cara. Bah, o cara vai enloquecer com as bundudas brasileiras.

26 de abr. de 2010

Raiz Online

Mais um continho meu publicado no site Raiz Online http://www.raizonline.com/trintaedois.htm

25 de abr. de 2010

Silvia bucea en el tanque

"El vientre de Silvia aún quemaba, sin saber ella el motivo. Prendía fuego. Sobre las barracas del pueblo el sol ardía sin piedad, con una violencia jamás vista anteriormente. El día continuaba extremamente luminoso, con los rayos del sol reflejándose en todo. Algunos tejados de zinc resplandecían y exhalaban un calor terrible. Silvia sentía como si fuera a morir. No aguantaría la ola de calor, parecía insoportable." (W.)

22 de abr. de 2010

Uma pequena história

No quarto ao lado havia uma negra de cabelos vermelhos. Pernas fortes, torneadas. Certa manhã ela surgiu na porta, muito séria, usava um sapato de salto alto, preto. Brilhava. A negra, forte como um touro, músculos e fibras olhou-me com os olhos sonolentos. Estava enrolada numa toalha branca. Tinha bons peitos. Pensei em falar alguma coisa. Ela entrou sem dizer nada, antes mesmo de eu poder abrir a boca. Na mesma semana descobri que ela trabalhava numa boate na Avenida Farrapos. Nos encontramos por lá e não trocamos uma palavra, na noite seguinte voltamos a nos encontrar quando ela voltava da noite. Ela aproximou-se e pediu um cigarro, fumamos juntos e conversamos. Depois a convidei para entrar e beber um café. O dia começava a clarear em Porto Alegre.

20 de abr. de 2010

Daniel na Cova dos Leões

Trecho da micro história Daniel na Cova dos Leões

Posche Carrera


(Primeiro dia)

James Dean

A primeira coisa que me chamou a atenção ao entrar no quarto dela foi um pôster gigante de James Dean na parede. Ficava na cabeceira de sua cama como a imagem de um Jesus Cristo. Ele lançava um olhar perdido, descansando um cigarro na ponta da boca, tinha um olhar que eu jamais faria igual, uma beleza que eu não tinha e um Posche Carrera que eu jamais teria. Tentei não me intimidar com a imagem e desviei o olhar para as dezenas de vinis na estante.

.

No espelho.
Seu velho fantasma
O quarto com luzes alaranjadas. Fantasmas
O cinzeiro cheio
As ruas cheias
A página vazia
As luzinhas piscando, piscando, acompanhando o som dos grilos lá fora numa noite norma e estrelada.

19 de abr. de 2010

@

Cena de uma pequena HQ que terminei de fazer. Apenas duas páginas.

Quebra-Ossos


Em um pequeno hotel no centro da cidade.
O cara que está tentando derrubar a porta é Joe Quebra-Ossos.
Os apelidos dizem tudo. Sempre dizem.
BAM! BAAMM!!
Enquanto ele bate na porta procuro minha arma. A merda é que deixei-a em algum lugar e não consigo me lembrar onde.
A porta estala, sofre. Eu ouço os potentes pontapés explodirem. Quebra-Ossos deve estar furioso.
A Moça me ligou em tempo para me avisar que ele viria.
“Onde está minha arma?!”
A Moça possui uma voz linda e suave. Lembra um beijo na primavera.
BBAAAMMMM!!!
Aqui, encontrei! Tenho vonatde de beijá-la. E beijo.
BRUUUMMM!!!!
Quebra-Ossos explode através da porta como um tigre furioso.
Eu não gosto de sentir dor. E Quebra-Ossos adora causar dor.. Ossos quebrados, ligamentos sendo rompidos... Dor..., dor, dor...
Disparo em sua perna. Ele tomba e ruge. Eu aproveito e me mando.
Devo uma para a Moça.

18 de abr. de 2010

.

Ah, isto deveria ser um local onde você encontraria meus textos. Insignificantes. Minha cara feia e batida. Minha não literatura, minha tentaviva. Um local onde encontraria tentativas de textos, de contos, de histórias para ler e passar o tempo sem procupação. A tentativa frustada de escrever, mas não escrevo. Taí, fotos da Nanda Costa que está na capa da Revista Trip. Na novela Viver a Vida ela tenta pegar o velhão Maradona. Literatura? Agora não.

17 de abr. de 2010

Cidade Fantasma

Maria 10:20
Noite
As batidas do teu coração são tão silenciosas quanto os passos de um tigre
Encontrei Maria deitada, vestia apenas um corpete de couro e sapatos salto alto. Dormia entre suas fantasias. Era bela. Acendi um cigarro e fiquei observando seu belo corpo. Maria sonhava? - pensei com meus botões. Era um corpo que sonhava. Terminei o cigarro e me aproximei lentamente naquela noite fantasma.

Revista Coyote

Saiu a novo edição da Revista Coyote. Dossiê com o poeta e artista plástico Rodrigo de Haro, poemas do dramaturgo Mário Bortolotto, conto do poeta norte-americano Delmore Schwart, fotografias de Egberto Nogueira e relatos oníricos da portuguesa Anna Hatherly são destaques do novo número da revista COYOTE, lançada com duas capas diferentes.
COYOTE é editada pelos poetas Ademir Assunção, Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes. Projeto gráfico de Marcos Losnak. Distribuição nacional (em livrarias) pela Editora Iluminuras.


COYOTE 20 // 52 páginas // R$ 10,00

Uma publicação da Kan Editora. Vendas em livrarias de todo o país pela Editora Iluminuras – fone (11) 3031-6161 (site: www.iluminuras.com.br). Pode ser adquirida também na internet pelo Sebo do Bac: www.sebodobac.com

16 de abr. de 2010

Mulheres Gigantes

Na Cidade Fantasma

14 de abr. de 2010

.Chamado

O primeiro dia de primavera

Marcos serviu-se de mais um pouco de café. Estava calmo e sereno como um cão vira-latas tomando banho de sol numa manhã preguiçosa. Pela primeira vez em anos ele comia novamente ovos mexidos no café da manhã.
Marcos passou margarina no pão, depois deu uma dentada e bebeu um bom gole de café. No rádio o locutor anunciava um belo dia de céu limpo, sol e temperatura agradáveis. Ele sabia que era o primeiro dia de primavera. Era uma segunda-feira. Marcos olhou a passagem para o México e sorriu satisfeito. Ele tinha feito um bom serviço, mesmo sendo aquela sua primeira vez. O locutor continuou dando as notícias do dia e então Marcos se levantou e tirou da estação de rádio para colocar uma fita-cassete.
Ele gostava de ouvir Bach e naquela manhã ele achou-o especialmente fabuloso. Após terminar o café, Marcos fumou um cigarro, olhou através da janela e observou o dia iluminado lá fora. Uma grande e agradável sensação e bem-estar percorreu seu corpo. Marcos pegou a passagem sobre a mesa e entrou no quarto. Ele colocou algumas coisas numa velha mala, e antes de partir, deu uma última olhada na sua mulher morta sobre a cama.

E-book se torna nova opção para escritores publicarem suas obras

O ebook do meu amigo Wilame Prado em matéria do Diário de Maringa.
"Mais barato que o livro impresso e mais fácil de divulgar, livro digital tem atraído tanto autores novos e como veteranos"Confira no site:


13 de abr. de 2010

Sssnnnffff!!!....

Entrou no bar.Caralho, disse um.
Foda, disse o outro. A mocinha sentada ao lado fez cara de nojo. Fumava. Ele. A fumaça. Idiota, ela pensou. Ele lançou fumaça. Tragou, aspirou e lanço-as como serpentes. Fantasmas que dançavam ao sairem de sua boca. Pediu cerveja.
Imbecil, pensou o cara sentado numa mesa próxima. Olhou atravesado.
Sssnnnffff!!!....
Fffuuuuuu...........
Era um Wolverine, como o cara do filme. O personagem dos quadrinhos. Outra mulher olhou com desdém, repulsa. Continuou fumando. Continuaram olhando.
Merda! ele rosnou, lançou um olhar de assassino e saiu.

Pobre Frank

Anticristo

É impressionante como algumas coisas ficam rondando nossa cabeça. Assisti ao denso e pesado filme Anticristo do cineasta dinamarquês Lars von Trier . Entre mutilações, cenas de sexo e violência) no filme todo você tem a impressão que está dentro de um pesadelo. Uma frase ficou rondando minha cabeça, quando a protagonista Charlotte desfere a seguinte frase como se revelasse um segredo depois de chorar “Uma mulher chorando é uma mulher tramando” . Claro, o filme não se resume a essa frase.Quem já assistiu algum dos filmes em que Lars usou algumas das “regras” do movimento cinematográfico que ajudou  criar, O Dogma 95, sabe. O filme é um soco no estômago.

12 de abr. de 2010

Alabama, chetchup, chicletes de hortelã.

Alabama, chetchup, chicletes de hortelã. Passavam todas as imagens em minha cabeça. Todas e elas sumiram com a estalido que fez a porta do ônibus quando abriu. Alabama, eu me imaginava lá, tomando sol e vendo garotas sorridentes com bochechas rosadas. Todas correndo como doidas, felizes em irem a lanchonete para devorarem volumosos hot dogs com chetchup. Então entra aquela garota de pernas grossas, linda. A barriga da perna forte como aço, roliça. Entrou e parou na roleta. Fiquei ali olhando, observando suas pernas de seis da manhã, indo para o trabalho. Um trabalho que parecia ser fodido. Umas pernas daquelas, e eu só tinha chicletes de hortelã para oferecer.

Milonovisk

No pátio, Milonovisk olhou em volta, a cabeça girou lentamente desenhando um meio círculo. Apenas muros. Viu apenas muros. Frios, altos, indestrutíveis, pareciam eternos. Estava congelado, o corpo todo, os pés... "Ah, como estão gelados os meus pés", pensou Milonovisk. As mãos mal moviam-se. Milonovisk acocorou-se lentamente, não porquê quisesse, mas porque era apenas assim que ele conseguia mover-se. Lentamente. Ele gemeu ao abaixar-se, os ossos estalaram como se algo tivesse quebrado dentro do seu corpo. Olhou para o céu com um ar vago e infinito. O céu pareceu-lhe uma pintura sombria, com pinceladas bruscas. Era uma massa gigante carregada de tintas. A neve novamente começou a cair, ele sentiu os primeiros flocos tocaram-lhe o rosto duro. Milonovisk olhou para baixo, para o chão, e cravou os dedos na neve como se fossem um arado. Ou seria uma garra? Passou uma, duas, três vezes, sempre com força. Olhou novamente para os muros pálidos, pareceram gigantes e intransponiveis. Lá fora tudo parecia vasto, interminável e eterno. Encolheu-se ainda mais, estava gelado. A quanto tempo ele via aquele cenário imutável? Aqueles muros gelados, aquelas paredes que iam em direção ao céu. Aquele céu monstruoso e feio, que davam-lhe a sensação de estar dentro de uma gigantesca câmara de gelo. Tinham-se passados muitos anos. Sentiu vontade de fumar, uma vontade gigantesca, tudo ali parecia gigantesco. Naquele momento só desejava fumar um cigarro, uma bagana que fosse. A vontade devorava-o por dentro, arrancava pedaços, comia-lhe as entranhas. Em um gesto dezesperado Milonovisk levantou-se, os ossos estalaram e ele enfiou as mão entre os bolsos numa procura inútil de encontrar um cigarro, um resto de fumo. Milonovisk sabia que não encontraria, que seus bolsos estavam vazios. A neve continuava a cair sobre ele, agora com mais intensidade e indiferença. Caía sobre o pátio gélido, sobre o longo muro que o cercava, sobre sua cabeça congelada.
De súbito a sirene tocou. Um grito longo, estridente e eterno. Milonovisk continuou a vasculhar os bolsos a procura de um cigarro, mesmo sabendo que nada encontraria ali. Como se aquilo satisfazesse sua vontade de dar uma tragada. Um homem aproximou-se de Milonovisk, duro, gelado, como uma visão surreal. Parecia que ia quebra-se. O homem trazia à boca um toco de charuto. Milonovisk viu o resto de homem, ou talvez seria toda a dureza e resistência de um homem. Milonovisk viu o homem dar uma longa baforada, saborosa... Milonovisk sentiu todo o sabor daquela baforada, a fumaça sendo lançada ao ar gelado. O toco de charuto entre os dedos do homem salpicado de neve. Milonovisk aproximou-se, a neve dançava sobre os dois. Milonovisk pediu ao homem para que pudesse fumar também. A voz saiu fraca, quase que como um gemido. O homem negou. Milonovisk insistiu, desta vez com a voz desesperada, suplicante. Apenas uma baforada, pensou Milonovisk. O homem, com o rosto duro, destruído, rosnou algo serrando o olhos e então virou-se em outra direção. Milonovisk agarrou o homem por trás, com o resto de suas forças. Força que ele mesmo pensara não haver mais em seu corpo. Os dois rolaram pelo chão, a neve grudou-lhes nas roupas. Arfavam os dois, gemiam e rosnavam enquanto trocavam socos, suas pernas também lutavam. Milonovisk conseguiu agarrar a cabeça do homem. A cabeça. Aquela caixa gelada. Milonovisk sentiu os cabelos duros do homem entre os dedos. A caixa estava firme entre suas mãos, a cabeça. Milonovisk jogou a cabeça do homem contra o muro, contra aquele bloco pálido, gelado e gigante. Ouviu um estouro seco, brusco e sentiu o corpo do homem amolecer. Milonovisk continuou a bater a cabeça do homem contra o muro. Mais uma, duas, três vezes, e então viu tufos de cabelos grudados na parede, no muro gélido e pálido. Grudados entre uma mancha vermelha, pastosa. Milonovisk largou a cabeça do homem, ele caiu mole como uma massa inerte. Milonovisk olhou para o chão como se procurasse algo, e procurava. Olhou em volta, os olhos fixos ao chão, vidrados. O toco de charuto estava ali, descansava sobre o chão gélido, ainda acesso. Milonovisk encontrou-o e suspirou com um prazer secreto, acocorou-se lentamente e então pegou o charuto. Deu uma profunda baforada e lançou a fumaça para o céu enquanto os guardas corriam em sua direção.



11 de abr. de 2010

Charles Bukowski

"-Por que é que escreve sobre mulheres daquele jeito? -Que jeito? Você sabe. Não sei não. -Ora, eu acho uma vergonha um cara escrever tão bem como você e não saber nada sobre as mulheres. - Não respondi." (sobre mulheres)

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Ok, Mister hollywood.

10 de abr. de 2010

Velma

Cigarros e cães.
Velma.

MACACOS VELHOS E GAROTAS PERFUMADAS


 - Porra, garota. Apenas uma cerveja - disse o velho macaco.
- Não. Não saio com escritores, não bebo com escritores, não trepo com escritores. Principalmente com escritores sem talento como você. - respondeu a mocinha.
- Tenho outros talentos... Posso te mostrar - retrucou o velho macaco.
- Você é nojento. Um grosso. - Gosto de homens sensíveis e inteligentes. - disse a mocinha.
- Sou o melhor. - afirmou o velho macaco.
- Há, há, há..., deixe-me ir. - pediu a mocinha.
- Não, Vamos sair de Porto Alegre. Vou te levar comigo. - disse o velho macaco.
- Para onde? Seu nojento...
- Para minha floresta. Lá sou o rei.
- Tenho um homem. - afirmou a mocinha.
- Todas têm.
- Nem todas.
- Sempre há alguém atrás da porta. - disse o macaco.
- Você é um idiota. - disse a mocinha.
- Sou o menos idiota. Por isso vivo isolado.
- No quero você. - afirmou a mocinha.
- Você vai querer, vai chorar por mim, vai implorar por minha presença.
- Deixe-me ir. - retrucou a mocinha.
-  Gosto do teu cheiro. Gosto do teu vestido, das tuas pernas...
- NNNÃÃÃOOOO!!!
- Não posso viver sem você. - disse o velho macaco.
- Você é um fraco.
- Você me torna fraco.
- Não gosto das coisas que você escreve. - disse a mocinha.
- Muita gente não gosta. Venha comigo.
- Não.

Noite Negra

Bebeu o último gole. Olhou para o lado e sorriu com os olhos de louco. Olhou para a garrafa vazia, depois a lançou longe com um grande movimento de braço. Sorriu novamente ao ouvir o som da garrafa estilhaçando-se. Era o som de vidro quebrando-se no meio da noite quente. Solidão. Lançou jorros de vômito sobre a vegetação e sobre algumas pedras. Os olhos encheram-se de lágrimas. Tristeza. Queria estar sobre uma velha ponte medieval feita de pedras, com um rio escuro deslizando lá embaixo, misterioso, perigoso na sua calma aparente. Suicida. Enfiou a mãos nos bolsos da calça suja, velha, puída, e dançou os dedos lá dentro numa procura cega. Tato. Procurou a carteira amassada de cigarros. Retirou-a do bolso com dificuldade, abriu e examinou com esperança. Havia poucos cigarros. Desanimou-se ainda mais. Quatro cigarros para uma noite de faltas. Acendeu um cigarro e deu uma tragada, depois arrastou o corpo cansado em direção ao centro da cidade. Lá, encontrou movimento, barulho, festa. Andou no meio da multidão suada, elétrica. Passou por uma turma de mulheres que requebravam os quadris, balançavam grandes bundas enfiadas dentro de pequenos shorts e calças coladas ao corpo. Dançavam lentamente, como se estivessem ensaiando uma dança de acasalamento, sensuais, eróticas. Os corpos suados, elas fumavam, bebiam e dançavam. Alguns vendedores gritavam, anunciavam suas cervejas, cachaças disso e daquilo. Mistura de odores, suor, fumaça de cigarro, maconha, churrasquinho, gordura, cheiro de xampu de puta. Cabelos molhados. Continuou andando enquanto fumava, tragava e lançava fumaça ao ar. Desviava-se das pessoas com dificuldade. Andou mais e parou diante da multidão. Louco e cansado. Tossiu e desejou matar alguém. Torcia as mãos nervosamente, com força, as veias saltavam-lhe sob a pele vermelha. Parou novamente, a multidão continuava contorcendo-se à sua volta. Homens embriagados, mulheres, algumas crianças, o som explodia. Partículas de tensão, energia, tudo vibrava como numa febre. Um estranho prazer de tirar uma vida tomava conta do seu corpo. Nunca tinha cometido um assassinato. Agora, desejava ardentemente matar. Tirar uma vida. Desejava chegar ao ponto máximo de sua ação, chegar a um êxtase que pensava poder sentir ao praticar tal ato. Chegou a deliciar-se com tais pensamentos. Ver uma vida esvair-se em suas mãos, o olhar suplicante e angustiado, o desespero e terror no rosto de sua vítima. Voltou a andar, escolhendo, procurando. Sentiu seu coração bater com mais força, ansioso. Parou em uma barraca de bebidas e comprou um copo de cachaça. Bebeu um gole e com os olhos vidrados examinou o movimento das pessoas. Sabia que iria matar. Resolveu afastar-se um pouco da multidão e encontrou um homem que mijava em um muro. Colocou-se ao lado dele, e enquanto abria o zíper da calça fez um comentário banal. Mijou também. A vontade de matar continuava. Decidira que tiraria uma vida naquela noite. O primeiro homem fechou o zíper e afastou-se dizendo uma ou duas palavras. Atrás, o futuro assassino pegou uma pedra, pego-a com a mão em forma de garra, aproximou-se rapidamente e estourou na cabeça da sua vítima. O homem soltou-se, amoleceu rapidamente e caiu na calçada coberta pela penumbra. Logo seus cabelos tingiram-se de um líquido pastoso. O sangue escorreu enquanto o assassino continuava a bater-lhe na cabeça, o pescoço pendeu mole para o lado, os olhos esbugalhados não mais mexiam. Estava morto. Limpou as mãos com pedaços de papéis, depois voltou para o meio da multidão andando calmamente. Acendeu um cigarro, tragou e foi atrás de algo para beber. As mulheres ainda rebolavam, homens passavam em sua volta, o som continuava a explodir e ele sentia-se leve e tranqüilo.

9 de abr. de 2010

Bar do Escritor

Meu amigo Giovani Iemini, publicou o meu conto Mosquitos, gibis e calcinhas no E-Zine do Bar do Escritor. http://www.bardoescritor.net/

Viva o Clube do Mickey

Existe um blog com uma brincadeira, chama-se Mickey Feio. O cara desenha um Mickey thrash e eles publicam. A idéia é essa, nada daquele camundongo angelical e bonitinho. Fiz um desenho e enviei, saiu um Mickey meio emo, sem graça alguma. Realmente não devo ter vergonha na cara em ter coragem de enviar um desenhos como aquele. Vai lá, tem uns desenhos muito bons.

Angeli

Em tempos amargos e insuportáveis do politicamente correto, encontrei essa tira do genial Angeli. Angeli foi o grande cartunista da minha distante adolescência. Eu adorava o trabalho do cara e desejava ser o Angeli. Com o tempo percebi minha falta de talento e me tornei um cartunista fracassado. Buenas, o cara continua aí, cada vez melhor. Tive que me segurar para não rir alto. Só posso dizer uma coisa, GÊNIO, GÊNIO!! Enquanto isso fico aqui me quebrando para terminar minha pequena HQ. Antes que me apedrejem, sou completamente contra a violência, mas que a tira é engraçada, isso é.

7 de abr. de 2010

Raizonline

Ando na correria, sem tempo para quase nada. Nisso deixei passar, o site português Raizonline (http://www.raizonline.com/cinquentaetres/index.htm) faz um trabalho que une escritores de língua portuguesa. Um belo trabalho para publicar e unir pessoas pela literatura. O Diretor Interino do site, Daniel Teixeira  solicitou-me um conto para publicar no site. Acabou escolhendo o conto, Brigitte Bardot. Taí no link: http://www.raizonline.com/trintaedois.htm
                                                                                                                                                      Agradeço

6 de abr. de 2010

Cidade Fantasma

Sei que agora são Monstros, mas antes eram apenas Cavalos.

5 de abr. de 2010

Água Turva

Cíntia olhou o Rio Guaíba lá embaixo. Água suja. Era assim que ela se sentia. Suja, feia, sem esperanças. Porto Alegre lentamente mergulhava numa noite morna e deserta. O Guaíba continuou dançando e seduzindo-a, como um monstro terrível.

3 de abr. de 2010

É HOJE!


Lançamento do segundo volume da coletânea Assassinos S/A. A função vai rolar lá no lindo Rio de Janeiro, na boemíssima Lapa, na  sede da Editora Multifoco.


Se estiver por perto, não deixe de aparecer.

"Assassinos S/A Vol. II não é apenas A Coletânea de contos de ficção policial. É também A Coletânea de contos de ficção policial ilustrada. E digo mais: divinamente ilustrada.

Jana escalou uma baita seleção de ilustradores, como Mario Cau, responsável pela sensacional capa da edição, Emerson Wiskow, Jota Fox, M. Waechter, Rodrigo Molina, Giovana Medeiros e Daniel Strapasson Faccio.
Feito. O time estava completo.
Por isso, caros leitores, se posso oferecer um singelo porém sincero conselho, digo-lhes: dêem uma chance para esta que é A Coletânea de contos policiais brasileiros ilustrada".
por Manuela Azevedo.

1 de abr. de 2010

MESMO DELIVERY

Ilustra que fiz dos personagens criados pelo quadrinista Rafael Grampá. Algumas pessoas me perguntam o motivo de publicar no Cavalos a mesma coisa que publico no meu blog de Ilustrações e cartuns - o desconhecido Herói Fracassado -. Explicação do velho Wiskow. Não tenho dez milhões de blogs -Como dizem- tenho DOIS ativos, o Cavalos e o Herói. Buenas, algumas vezes tenho alguma ilustra que gosto, e mesmo tendo publicado no Herói, resolvo publicar aqui também. Motivo: Meu blog de cartuns praticamente não recebe "visitas", então os visitantes do Cavalos podem vê-las. Explicado, cabrones!