31 de mai. de 2010
28 de mai. de 2010
Cidade Fantasma
MULHER GIGANTE ENTRA NA SALA
Maiko observa por alguns minutos Tóquio lá embaixo. Olha em direção ao horizonte e espera novamente que algum monstro gigante surja por entre os aranha-céu. Ele não vem. Ela suspira e entra na sala-de bate-papo. Uma sala do Brasil. Algum brasileiro estará on line e disposto a conversar com uma garota que deseja que um montro surja e destrua Tóquio? Ela pensa e sorri com seu pensamento.
Mulher Gigante entra na sala.
É uma noite ruim e Maiko está sem paciência.
Mulher Gigante sai da sala. A Mulher Gigante se desfaz.
Maiko vai dormir e sonha com monstros.
Postado por Emerson Wiskow às 16:58 3 comentários
25 de mai. de 2010
Sobre escrever, baforadas e coisas...
Recebi o link para ler esse texto da escritora Márcia Denser. Na verdade recebi um trecho do texto, li e depois fui lá no Portal Cronópios ler o restante. Vai lá que vale.
Ficamos olhando ele ir embora com aquelas roupinhas, aquele topete eriçado bico de pato de quem acabou de abrir uma franquia do FransCafé no Iraque, eu e meu amigo cartunista, ficamos só olhando, assim, sem palavras.
Postado por Emerson Wiskow às 10:17 3 comentários
24 de mai. de 2010
Cidade Fantasma
Vermelho. Tinha sempre um sofá vermelho. O sofá vermelho. Seu sofá vermelho. Retorcia-se, alongava-se. Esperava, esticada, encolhida. O sofá fazia-se cama, casa, refúgio, horas. Desgraçado. Pensava. Não há mais horas. Há ele entre as ruas, entre elas, entre as portas de bares que convidam. Mais um pouco. Agonia. Quente entre as pernas, coxas. Tudo arde aqui dentro. O vermelho do sofá, as coisas aqui dentro.
Postado por Emerson Wiskow às 17:37 2 comentários
23 de mai. de 2010
Mudança
Cabrones, estou selecionando alguns contos e colocando neste endereço: http://umpoucomaisaosul.blogspot.com/
Nele também pretendo colocar (quando escrever) alguns novos micro-contos.
Gracias
Postado por Emerson Wiskow às 15:55 3 comentários
22 de mai. de 2010
Do Allan
Postado por Emerson Wiskow às 13:31 2 comentários
20 de mai. de 2010
19 de mai. de 2010
Minimundo
Minimundo. De repente Manuela sentiu-se presa, como se tivesse ficando louca e desesperada. Era o Minimundo. O SEU Minimundo. E ainda havia o calor infernal que inundava a cidade e o seu apartamento. Manuela descobriu-se mais solitária do que nunca, talvez por causa da onda de calor que assolava Porto Alegre. “Uma besteira o nome da cidade”, pensava Manuela. Nunca fora alegre ali, e quando passava pelo cais do porto sentia vontade de embarcar num daqueles navios e sumir daquele lugar, daquela cidade. A primeira vez que sentiu essa vontade foi a alguns anos atrás, quando observou através da janela do metrô um velho cargueiro ancorado no cais. Manuela não embarcou no cargueiro, voltou para casa e preparou um pacote de Miojo para mais uma noite jantar sozinha.
Foi o imenso calor que fazia naquela noite que lhe mostrou o seu Minimundo. Manuela sufocava e impaciente zanzava dentro do apartamento como uma barata que fora esmagada e sobrevivera. Acendia um cigarro após o outro e suspirava alto. O suor escoria das axilas e a ensopava. Sem saber o motivo, Manuela sentiu uma grande vontade de colocar o seu velho vestido cor-de-rosa que a muitos anos estava esquecido no roupeiro. Uma vontade absurda que tomava conta de Manuela como se fosse um espírito invasor que apoderava-se do seu corpo sem que ela pudesse resistir. O seu corpo pedia, sua carne pedia e desejava ardentemente o vestido. Manuela suando, quase desesperada, flutuando naquela massa quente de ar que assolava a cidade, deu uma última tragada no cigarro e esmagou-o no cinzeiro que transbordava de baganas. As pontas dos seus dedos ficaram sujas com cinza. Manuela não percebeu e ansiosa, já desesperada, saiu correndo em direção ao quarto com os braços levantados e a blusa presa ao pescoço enquanto tentava livrar-se dela estabanadamente. Parecia que sua blusa estava em chamas, queimava-lhe o corpo. Manuela entrou no quarto e livrando-se da blusa verde jogou-a no chão. Num movimento rápido, brusco e nervoso, Manuela levou as mãos a calça e para tirá-la do corpo. Na tentativa de ver-se livre da calça Manuela desequilibrou-se e tombou ao chão. Foi como se ela tivesse levado um choque, como se tivessem enfiado-lhe fios elétricos nas partes íntimas. Mas Manuela não perdeu os sentidos, ao contrário, o tombo lhe trouxe lucidez e calma.
A onda de calor que se abatera sufocava a cidade, Manuela sentada sobre o piso morno do quarto observava calada a calça arriada até o meio de suas coxas. Estava exausta, procurava um pouco de ar para respirar no mormaço do seu quarto. Manuela tombou a cabeça entre seus joelhos suados num ato de desistência, como se entregasse seu espírito depois de uma longa e árdua batalha com um inimigo superior. Estava cansada. Descobrira o seu Minimundo naquela noite desumana, em meio a onda de calor que lhe cobria as virilhas com assaduras e fazia o suor escorrer de suas axilas. Manuela despiu-se. Lentamente retirou a calça como se tira-se uma armadura incômoda. Trinta e sete anos. Estava cansada. O corpo brilhava com o suor que lhe molhavam as coxas, queimava por dentro e queimando andou em direção ao roupeiro. Nua e calma como um guerreiro samurai abriu as portas do móvel. Dançou os olhos no interior do roupeiro até encontrar o seu antigo vestido cor-de-rosa. Retirou-o calmamente e então vesti-o. Sentiu o tecido grudar-lhe na carne de sua bunda suada como um gesto obsceno. Deliciosamente obsceno e prosmíscuo. Trinta e sete anos escondendo-se da carne. Percebeu as primeiras rugas, depois vieram outras. O ventre encheu-se de chamas. Um demônio alojara-se ali com o calor. O vestido cor-de-rosa roçava suas grossas canelas. Manuela deitou-se na cama, abriu as pernas e enfiou a mão dentro do vestido por entre as coxas. Deixou o calor guiar sua mão e então sentiu o quentume úmido de sua xota entre seus dedos. Ficou ainda mais excitada e logo encharcou-se, massageou sua xota num desespero frenético e surpreendeu-se a si mesma quando começou a soltar urros e gemidos prazerosos. O lençol grudáva-lhe no corpo, retorcendo-se como se como se esticassem os nervos. Alguns minutos depois Manuela apagou. Caiu num sono profundo envolta na onda de calor.
Postado por Emerson Wiskow às 11:27 1 comentários
17 de mai. de 2010
Sharon Stone no chinelo
Depois de muito tempo ela reapareceu. Deu uma cruzada de pernas capaz de deixar Sharon Stone no chinelo. Eu estava fumando e meus pulmões tentavam sobreviver. Naquele momento não importava.
- Saudades? - ela perguntou enquanto eu mirava suas pernas e outras coisas.
- Como eu poderia não sentir?
- Hahaha. Você continua o mesmo!
- Ainda atrás de maridos cornos, mulheres traídas? Esses casos idiotas que você tenta desvendar?
- Continuo tentando parar.
- Um homem de cinqüenta anos deveria saber o que quer, Carlos. - disse ela, irônica, ácida, enquanto sacava um bom cigarro francês.
- Ainda fumando cigarros importados!
Ela sorriu e deu uma saborosa baforada. Aspirei a fumaça, era doce como ela.
- Você deveria escrever um livro, escrever e publicar.
- Escrever é para idiotas.
- Acho que você serve pra isso.
- Peguei meu mata-ratos e acendi. Traguei e expeli a fumaça com categoria.
- Parece. Você sabe tudo - respondi.
- Mulheres? - perguntou ela.
- Tenho uma garota. - eu disse.
- Hahahaha... Não há garota alguma. Eu saberia – ela replicou. Acho que faz séculos que uma mulher não baixa a calcinha para você. Ela estava certa.
Eu não me importava, não com ela ali na minha frente, com todo aquele corpo. As ancas gigantescas, coxas, os olhos brilhando.
- Os anos parecem não ter efeitos sobre você. Está linda, e se me permite, muito gostosa.
Ela sorriu satisfeita.
- Hahaha, você continua querendo me levar para a cama, Carlos.
- E quem não quer?
Ela sorriu, descruzou as pernas e eu fiquei meio tonto.
- Tenho que ir.
- Sei.
- Eu eu apareço.
Acendi outro cigarro. Fiquei observando ela partir. O jogo de quadril, a bunda, parecia estar caminhando sobre o mar. Suave, imponente. Então ela bateu a porta atrás de si e sumiu.
Postado por Emerson Wiskow às 12:42 1 comentários
16 de mai. de 2010
15 de mai. de 2010
Cidade Fantasma
Catarina. Misturava-se entre as brumas do amanhecer presa ao quarto.
Apartamento 106
Postado por Emerson Wiskow às 16:49 1 comentários
STRANGE TALES - Grampá
Postado por Emerson Wiskow às 16:44 1 comentários
13 de mai. de 2010
Adeus, Bogotá!
Postado por Emerson Wiskow às 11:32 5 comentários
11 de mai. de 2010
Ovos de Touro
Postado por Emerson Wiskow às 07:31 1 comentários
10 de mai. de 2010
Jesse James
Era uma espécie de Jesse James. O cara explicou todos detalhes da arma, peça por peça. Disse que no centro da cidade havia um banco e que seria moleza. Ali o movimento ajudaria. Os camelôs e a gritaria abafariam a confusão e ajudaria na fuga. Tinha também uma mulher vestida com uma roupa colante, de cor amarela. Disse que ela amava Porto Alegre e que gostaria de conhecer um cara daqui. Bom, quer encarar? - perguntou ele. O tal Jesse James.
Antes que eu respondesse entrou ela na lancheria. Sorria. Aproximou-se e sentou.
- É essa a mulher que falei.
- Oi - disse ela com aquele tipo de sorriso que fode você.
- Oi.
Ela usava a roupa colante e amarela. Marcava o corpo esguiu.
- Ele vai? - ela perguntou.
- E aí, você vai? - perguntou Jesse abocanhando um xis salada.
- Claro - respondi.
Postado por Emerson Wiskow às 16:25 1 comentários
9 de mai. de 2010
Homem de Ferro 2
Postado por Emerson Wiskow às 08:26 1 comentários
6 de mai. de 2010
Querida
Ah, fazia tempo que eu não escrevia assim...
Assim como, benzinho...?
Assim...
Eu gosto de você!
Sei disso, querida.
Olhe, eu poderia escrever uma pulp fiction.
EU não sei, amor. Não sei. Você acha que poderia?
Talvez, nenem.
Vamos beber um vinho. Sobrou meia garrafa.
Tudo bem queria. Esta noite, você manda.
Fazia tempo que eu queria voltar a escrever assim, querida.
Postado por Emerson Wiskow às 18:21 2 comentários
5 de mai. de 2010
Assassinos S.A
Buenas, cheguei em casa depois do trabalho. Podre, cansado, e para minha supresa tinha um pacote me esperando. Era meu exemplar do livro Assassinos S.A, no qual participei com algumas singelas ilustrações. Ficou massa a ilustração de capa criada por Mario Cau. Vai para o arquivo do Sr. Wiskow.
Assassinos SA - Volume 2
Contos policiais ilustrados. Vários autores. Org. Jana Lauxen e Frodo Oliveira. R$28 (frete incluso). Ed. Multifoco, 2010. Compre o seu exemplar através do e-mail assassinos.anthology@editoramultifoco.com.br ou com um dos autores.
Contos policiais ilustrados. Vários autores. Org. Jana Lauxen e Frodo Oliveira. R$28 (frete incluso). Ed. Multifoco, 2010. Compre o seu exemplar através do e-mail assassinos.anthology@editoramultifoco.com.br ou com um dos autores.
Postado por Emerson Wiskow às 17:04 1 comentários
4 de mai. de 2010
Feliz aniversário... Senhor...
Postado por Emerson Wiskow às 18:25 6 comentários
Arthur Rimbaud
Diálogo entre Rimbaud e Verlaine no filme Eclipse de uma Paixão
"Rimbaud: Não escrevo mais
Verlaine: Por quê?
Rimbaud: Porque nada mais tenho a dizer, se é que já tive algo a dizer.
Verlaine: Bobagem!
Rimbaud: Pensava que minha escrita seria importante, mudaria o mundo. Pensei que nada seria o mesmo, mas não adiantou. O mundo é velho demais. Não há nada de novo, tudo já foi dito!
Verlaine: Não do seu jeito!"
Postado por Emerson Wiskow às 17:53 1 comentários
Sim
Confeso. Não tenho vergonha na cara. Essa carinha maltratada, calejada. Não escrevo mais porra alguma. E não escrevendo fico republicando textos antigos. Bem, muitos não leram.
Faz tempo, estou num limbo. Não sinto vontade de escrever, necessidade, e as idéias se foram. A "literatura" parece nada. Uma brincadeira de criança na qual só quero brincar quando estou bem.
Postado por Emerson Wiskow às 13:28 1 comentários
Claudia Cardinale
Postado por Emerson Wiskow às 13:16 0 comentários
Corredor e baratas numa noite insone
Meia noite e exatos dois minutos. No Corredor pouco iluminado, apenas o escritor e uma barata que vaga parecendo não ter rumo. Ela encontra uma fenda entre a parede, um pequeno buraco ou passagem para o que pode ser sua moradia e entra. Desaparece. O escritor retira sua chave do bolso e assim que coloca-a na fechadura encontra um bilhete enfiado embaixo da porta. Ele pega o bilhete e lê. "Gostaria muito de ter o prazer de conhecê-lo. Adoraria que você aceitasse tomar um café comigo. Com carinho, Sueli. Apartamento número 12". Com o bilhete na mão o escritor entra em seu apartamento e some. Desaparece. Fica imaginando quem seria a mulher do apartamento número doze.
Apartamento número 12. Meia noite e trinta minutos.
Sueli revira na cama, fuma e esquece as baratas.
Postado por Emerson Wiskow às 13:15 0 comentários
Cidade Fantasma
Postado por Emerson Wiskow às 13:13 1 comentários
Márcia e Ângela
Márcia e Ângela preparam o jantar.
Márcia com a faca na mão pega um vistoso tomate.
- Gostaria de fazer isso com ele.
- O quê?- pergunta Ângela abrindo um pacote de espaguete.
- Cortá-lo assim. Ao meio, depois assim, em cubinhos, em pedacinhos e então jogá-lo numa panela e vê-lo fritar.
Ângela com expressão de espanto no rosto:
Ué, tu não amava ele?
Márcia dando um vigoroso corte no tomate:
Por isso mesmo.
Postado por Emerson Wiskow às 12:25 1 comentários