29 de nov. de 2009

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GOOD BYE, Bukowski!

27 de nov. de 2009

Cidade Fantasma


RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- AAAHHHHHHHHHHHhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Madrugada.

. Cidade Fantasma


Sexta-feira. Cidade Fantasma. Verde. Imagino o verde. Um verde suave e bonito, mas o céu e as ruas se cobrem com um gris. Tudo parece em tons de cinza. O ar úmido, as calçadas ainda molhadas pela chuva recente. É sexta-feira. Uma merda. Uma merda de uma sexta-feira entediante. Entro no prédio e encontro um grupo de cabeludos, jaquetas de couro, parecem bonecos de brinquedos. Bibêlos, Simpons, bonecos emborrachados que colocamos na estante. São quatro e três deles usam óculos escuros. Uma volta no tempo, o corredor do tempo. São os Ramones, lembram os Ramones. São os Ramones. Dá vontade de voltar a ouvir aqueles caras.

26 de nov. de 2009

Matadouro 69 (Parte II)


Deixei Andira e segui meu caminho para encontrar Nara.  Comecei a pensar em porcos enquanto andava. Porcos. Andira gostava de lançar seus dardos envenenados em mim, em Nara, sua amiga, em qualquer mulher que atravessa-se o meu caminho. Fomos quase amantes. Quase. Uma ou duas semanas foram o suficiente para ela quase me enlouquecer. As mulheres geralmente me levavam um pouco mais que isso, mas com ela foi diferente. Eu sempre soube que ela era louca, tinha instintos assassinos. De Nara eu aidna não sabia muito, apenas que ela trabalhava no matadouro. No caminho até lá eu tinha que briblar alguns cães que viviam zanzando pela rua rosnando para os transeuntes.

24 de nov. de 2009

Professor de Desejo


Estampado na camiseta da garota, o grande escritor Philip Roth.

23 de nov. de 2009

Pobre Frank

Conto que escrevi há algum tempo.


Frank, Frank! Perdeu tudo. Perdeu o amor, perdeu seu amor. Pobre Frank solitário. Quantas noites tristes e escuras. Apenas paredes e nada mais. Os olhos sombrios, melancólicos num rosto marcado. Pedaços. Todo pedaços. Monstro, feio, assustador. Pobre Frank solitário. Desejava amar, se arrastava na relva úmida e fria. Pobre Frank sem amor. Pobre Frank sem sol. Esgueirava-se e observava o amor que desejava. Não pôde ter. Nunca poderia. Amaldiçoado. Uma besta fera. Todo pedaços. Coração, pernas e braços. Dormia sozinho nas noites de lua cheia. Dormia sozinho nas noites sem lua. Não gostava de multidões. Apedrejado era. Golpeado. Coração. Pobre Frank solitário. Queria sorrir. Chorava. Pobre Frank sem donzela. Desenterrado e enterrado. Torre vazia. Paredes escuras, sombras por companhia. Monstros imaginários. Encolhido, entristecido, ferido. Gigante apequenava-se em solidão, encolhia, murchava, secava. Pobre Frank, pobre Frank! Não há compaixão. Era pedaços. Porão. Trevas, escuridão, lágrimas. Não deveria existir. Existiu. Não deveria nascer. Nasceu. Pobre Frank! Quebra-cabeça juntado. Retalhado. Pobre Frank sombrio. Costuras, restos, tecidos, ossos, trovões. Sem sorriso, nunca sorriu. Parafusos, linha, retalhos. Correu. Noite fria, noite quente, escuridão. Folhas de outono despencando. Balé confuso. Atacado, atacou. Ferido, feriu. Pobre Frank! Mil almas. Gigante, feio, grotesco. Corre Frank, corre! Pobre Frank! Chora nas noites. Corre Frank! Se esconde. Espia, vigia, ama. Recortes, pedaços juntados. Covas violadas. Miolos, víceras, membros, ossos. Relâmpagos, trovões, estrondos, sustos. Lento movimento. O coração de Frank, a alma de Frank. Domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado. Pobre Frank. Solidão, sem amor, quer amar, se esconde. Tem que se esconder. Grotesco. Rins, pele, manchas, hematomas, costuras, pedaços, retalhos, remendos, junção. Pobre Frank! Construído, repelido, escondido. Fios, eletricidade, raios e trovões, nuvens carregadas, descarga elétrica, pulso! Desenterrado, misturado. Não era um. Vários. Nasceu. Foi criado, olhos abertos, dedos, movimento, trovões, descarga elétrica. Pobre Frank! Não é ele. Vários. Atacado, defesa, fuga, medo. Corre, Frank, corre! Destruição, arma, fogo, perseguição, trevas. Floresta úmida, noite gelada, solidão, útero. Não teve útero. Perdeu tudo, nunca teve nada. Deseja, deseja, deseja. Chora. Frank abriu os olhos. Despertou. Levantou-se e andou. Pobre Frank! Viram ele. Assustaram-se, chocaram-se. Pobre Frank sem amor. Grotesco, perseguido, assustado. Só teve porões mofados, queria amar, perdeu tudo, nunca teve nada. Donzela, amada, sonhada, desejada. Entre arbustos observava, coração apertado, retalhos, pernas, miolos, olhos, mãos. Junção de cadáveres. Hediondo. Criado. Não era um, era vários. Solitário, solitário demais. Ódio. Ódio, Ódio. Descoberto, perseguido, fugitivo. Costuras, remendos, enxertos. Raios, trovões, relâmpagos, fluídos, fluídos, fluídos. Cabelos, víceras, membros, linha, linha e costura. Pobre Frank criado, inventado. Corre Frank! Vários dias, semanas, anos. Becos, ruelas, vilas, bosques. Pedra fria. Noites, dias. Pobre Frank! Monstro, monstro, monstro! Não quer mais, não quer mais! Cansado, esgotado. Forte, muito forte, assustador, gigante, desajeitado, desalinhado, horrível. Hematomas, costuras, dedos, unhas, miolos. Coração. Sem lar, caçado, ameaçado, ameaçador. Grotesco. Loucura. Conjunto de partes. Vida, suspiro, fluídos, desejos. Desejos, desejos, desejos. Pobre Frank! Corre, Frank! Sem nada, atordoado, atormentado. Frank, Frank, Frank. Perdeu tudo, não tinha nada, não teve nada. Sem amor, sem amor. Tristeza e escuridão. Ratos, teias, aranhas e fungos. Quantas noites, eternidade, quantos dias, eternidade. Eternidade, eternidade, eternidade! Ossos cortados, carne rasgada, marcas, marcas, cicatrizes. Um conjunto. Feio, hediondo, horrível, grotesco. Pobre Frank! Perseguido, não podia viver, apenas mortes, nasceu de mortes, foi criado de mortes. Putrefação, sangue seco. Cérebro, cabeça, orelhas. Sem saída, perdido, sozinho, solitário, triste. Ódio, ódio, ódio. Podia amar, desejava amar. Espiava o sol, espiava as flores, dormia com a noite, chorava com a noite. Apenas noite, trevas, escuridão, sombras, porões. Umidade. Cemitério, defuntos, gente morta. Frank montado, costurado. Pedaços sem vida, viveram. Fluídos. Frank, Frank! Pobre Frank! Retalho. Desejos, perdido. O movimento, o primeiro movimento. Trovões, relâmpagos, eletricidade. Átomos, átomos, carne, carne, carne. Frank solitário, encurralado, apedrejado, ferido. Membros, víceras, cérebro, costuras, emendas, enxertos, cabelos. Grotesco, horrível, assustador. Frank desejava amar. Só tinha sombras, porões, matas, grutas. Perseguido, amaldiçoado. Pobre Frank! Corre Frank, corre! Lanças, tochas. Desenterrado, cortado, montado, costurado. Apenas sombras. Todo pedaços, retalhos, junção de mortos, raios, eletricidade e solidão. Pobre Frank, pobre Frank sem nada. Experiência, loucura, fios, corrente elétrica, fluídos, tumbas violadas, corpos despedaçados, escuridão, porão, noites, árvores sombrias, noites carregadas, negras, trovões, relâmpagos, Deus, homem, trevas, desejo, sonho. Pobre Frank. Pobre Frank. Retalhos, enxerto, costura, víceras, miolos, coração, membros, solidão, tristeza, ódio, medo, desejo.

Pobre Frank. Pobre Frank.

20 de nov. de 2009

Matadouro 69 (Parte I)


Tínhamos amigos em comum. Eu não sabia. Fui ao matadouro que ficava há poucas quadras dali. Andira disse que eu podia encontrá-la por lá. Entre bois, tripas, sangue e moscas. Senti aquelas palavras com uma ponta de maldade feminina. Um dardo envenenado lançado ao acaso mas com direção certa, uma lança ardente adornado com um belo laço vermelho. Andira esboçou um leve sorriso. Eram amigas. Deixei de lado e lancei uma última tragada no cigarro antes de dizer-lhe tchau e me dirigir ao matadouro.

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Matadouro 69.

Watchmen


Assisti recentemente o filme Wathmen. Ótimo filme, ótima trilha sonora. Ouça aí o cara, Leonard Cohen, cantando Hallelujah.


18 de nov. de 2009

RUA ALVORADA

Durante toda aquela tarde de calor infernal os moradores da rua não colocaram o nariz para fora. Ninguém agüentava mais. Árvores, flores, cachorros, humanos, pássaros, insetos... Tudo sufocava, amolecia, esvaia-se até secar. A rua agonizava, fervia mergulhada numa massa quente. Fazia um mormaço terrível.
Um pequeno pardal tentou um vôo desesperado e não conseguiu. Despencou exausto e buscou refúgio na sombra de uma pedra. O bico aberto à cata de ar e de forças não foram suficientes para ele resistir ao calor. Foi o primeiro a morrer, depois dele, perto da casa oito um cão agonizava sobre o asfalto que fervia. Dona Maria observou horrorizada a cena. Já tonta e com os olhos embaçados ela tentou ir de encontro ao cão. Juntou forças para tentar o resgate e caiu antes mesmo de conseguir chegar ao portão que ficava a três metros de sua casa. Foi o segundo ser que pereceu sob o calor avassalador, o terceiro foi o cão que assava a língua esticada sobre asfalto escaldante.
As horas passavam lentas e o calor tornava-se cada vez mais sufocante. As rádios não sintonizavam, nem mesmo as televisões. Os telefones ficaram mudos. Todos os eletro-eletrônicos pararam de funcionar. Fios derretiam-se e desmanchavam-se continuamente transformando-se numa massa disforme. Os moradores ficaram sem qualquer informação ou contato com o mundo fora da Rua Alvorada. A rua tornou-se um ponto isolado no emaranhado de ruas da cidade.
O calor aumentava. Desesperados três homens e duas mulheres enrolaram-se em lençóis, encharcaram-se com água e saíram correndo na tentativa de fugir daquele inferno. Tombaram os cinco, sufocados e esgotados. Alguns minutos depois ferviam sobre o asfalto. A carne enegrecia aos poucos, os olhos esbugalhados, já sem vida, mostravam a agonia que passaram.
Mergulhada naquela massa quente a rua parecia tremular silenciosa como se não houvesse nada vivo por ali. Não se ouvia mais gritos. Ninguém tinha mais forças para gritar. Outros cães morreram, assim como pessoas, insetos, pássaros. O desespero tomou conta dos moradores. Alguns se arrastavam como moluscos anestesiados, outros juntavam o resto de força e rezavam enquanto o sol continuava explodindo lá fora. Uma família acompanhada por seus vizinhos juntou-se sob uma grande árvore. Repartiram a sombra e tentaram respirar. Os corpos encharcados de suor moviam-se lentamente, com moleza e desânimo. Observavam o tempo e esperavam, olhavam para o céu desejosos de encontrar alguma nuvem e contavam os minutos na esperança da noite chegar para amenizar o calor. Um a um caíram como folhas pressas em árvores por uma linha fina e frágil. Logo a Rua Alvorada encheu-se de mortes. Pássaros morriam, gatos, insetos, humanos. Tudo torrava. Ninguém sabia o que fazer. Agonizavam e o sol ardia cada vez mais.
As horas passavam numa morosidade inigualável. Perto, a vida continuava normalmente, nas ruas vizinhas, nas ruas dos outros bairros, nas ruas da cidade. Pessoas continuavam a viver e a realizar suas tarefas cotidianas sem nada saber do que acontecia na Rua Alvorada. Quase desmaiando um homem tentou loucamente se livrar do calor mergulhado numa banheira cheia de água. A água esquentou rapidamente chegando ao ponto de ferver. O homem desistiu, sufocou, catou o ar com todas suas forças até cair esgotado. Muitas mulheres choravam quase nuas, suas roupas ensopavam de suor. Na casa catorze uma família recolhia seus mortos. Sobre a cama do quarto do casal jaziam três pessoas da família. Um ao lado do outro eram velados naquele bafo quente no qual o quarto estava mergulhado. A janela aberta tentava resgatar um pouco de ar. Após algum tempo o filho mais velho carregou o quarto membro da família para a cama mortuária. Depois, esgotado ele fraquejou e deixou-se levar.
Sete horas da tarde e o sol continuou implacável, o mormaço não dava trégua e nada se movia. Os olhos ardiam na claridade da rua, o chão salpicado por pequenos defuntos dava a cena um ar bizarro. Cães com a língua de fora, mortos, espalhavam-se pelos pátios das casas, na rua e nas calçadas em frente às residências. Junto a eles pássaros e outros pequenos animais também jaziam espalhados pela Rua Alvorada. A única esperança tornou-se a noite que não chegava. Pensavam que com ela o mormaço, o calor e sol dessem lugar a alguma brisa, e com ela poderiam fugir dali. Do inferno que se abatera sobre a rua, sobre a cidade. Não sabiam que nas ruas vizinhas a vida continuava se desenrolando sem nada de anormal. O mormaço estancara sobre a Rua Alvorada engolindo-a como um monstro feito de massa quente. Ninguém mais conseguia respirar, ninguém mais agüentou. A noite chegou depois de uma eternidade que os relógios não marcaram, e uma suave brisa soprou sobre a Rua Alvorada.
Já não havia nenhum ser vivo que respirava na Rua Alvorada.

17 de nov. de 2009

Bar do Escritor


Buenas, descobri no blog do Cristiano Deveras, que o livro O Bar do Escritor (participei com três continhos), esteve exposto na Bienal do Livro de Goiás - 2009.

12 de nov. de 2009

Flickr


Meu endereço no flickr | Cartuns, Rabiscos, esboços, ilustras...

11 de nov. de 2009

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CITY

10 de nov. de 2009

Roda Gigante


Cidade Fantasma | Noite
Algumas pessoas dormem. A roda gigante descansa solitária como um monstro espacial.

6 de nov. de 2009

Assassinos S/A


Cortei uma parte do original de uma das ilustrações que fiz para o livro Assassinos S/A II - que sairá no início do próximo ano - para postar aqui. Buenas, vi o trabalho dos outros ilustradores. Só feras, gente muito boa. Minha primeira reação ao ver as ilustrações foi pensar, não deveria ter aceito o convite para ser um dos ilustradores do livro. Estou sem prática e os caras estão afiados.
Buenas. Agora foi. Azar.

Velhos Caubóis Não Choram

4 de nov. de 2009

Cidade Fantasma

Vincent Bousserez

Apartamento 407
Noite.
Gisele e seus homenzinhos
Saimos todos por aqueles caminhos estranhos. Nos aventurando por ele, percorrendo cada pedaço. Despois de algum tempo tomamos coragem para explorá-lo. Era o corpo de um desses humanos, gigantes. Sabemos que ela se chama Gisele. A mulher. Pelo que notamos ela vive sozinha, dorme nua e pedi para que exploremos seu corpo. Deita-se e diz onde devemos ir, gostamos. É uma pele fresca, macia, entramos em cavernas e ela se retorce, geme, solta sussuros. Algumas parte umedecem, uma úmidade viscosa. Então ela se retorce mais e algumas vezes parece ficar fora de controle. Ela nos mantêm presos aqui e tentamos fugir. Ao que parece ninguém sabe de nossa existência, nunca vimos ou ouvimos ela falar sobre nós para os outros humanos gigantes. Gisele nos alimenta e nos trata como animais de estimação, nos mantém presos dentro de uma caixa de papelão. Já pensamos em matá-la.