7 de dez. de 2009

A frase não era minha

Íamos de vinho. A frase não era minha, mas resolvi usá-la, tinha lido num conto. Encontrei-a por acaso, entre copos, bebidas, e batatas fritas. Eu devorava tudo. Ceveja e batatas. Ela falou de irlandeses bêbados e depois me levou para sua casa. Acendeu um cigarro e riu da marca do cigarro que eu fumava. Depois pegou a garrafa de vinho e assim foi. Íamos de vinho sempre. Depois ela dançava pra mim, levantava o vestido e mostrava sua calcinha de algodão.
- Eu li suas coisas – disse ela
- Leu?
- Sim.
- Hum.
- Não gosto. Não entendo. Não gosto delas, não acredito que você seja um escritor. Você é um falsário.
- Não posso condená-la por isso. Não está sozinha.
Ela bebeu mais um gole. Fazia isso com vontade. Depois começou a cozinha para mim. Dizia que gostava e sorria. Eu gostava. Gostava de comer o que ela cozinhava. Gostava de vê-la desfilando com seus vestidos e suas calcinhas de algodão. Gostava de pegá-la na cozinha. Depois bebíamos mais vinho e fumávamos mais cigarros. Tudo foi assim por uma semana. Nós íamos de vinho sempre, ela colocando Creedence no aparelho de som, dançando, desfilando suas calcinhas de algodão, cozinhando e dizendoq eu eu não sou e não seria um escritor. Até o dia que ela sumiu. Recebi uma ligação dois meses depois, no meio da noite.
- Alô.
- Oi, continuo lendo suas coisas, mas você não é escritor. E nunca será.
Dei um sorriso e traguei meu cigarro.

2 comentários:

Tatha Fernandes disse...

eu gosto!

Emerson Wiskow disse...

Opa!